É comum que empresas ofereçam planos de saúde como benefício aos seus funcionários. É claro que existem profissionais liberais ou mesmo empregados de pequenas companhias que pagam o plano a partir de seu próprio bolso, mas a grande massa que tem acesso a esses serviços o faz através dos planos empresariais.
Todos sabemos que a crise política e econômica que atravessamos tem aumentado os níveis de desemprego e de pessoas que, após perderem seu trabalho formal, passam a tentar sobreviver de outras maneiras, seja através de pequenos empreendimentos ou da prestação de serviços. Dessa forma, ao perder o vínculo formal empregatício, essas pessoas perdem também os benefícios que eram oferecidos pela empresa, como cesta básica, vale-alimentação e também o plano de saúde.
É claro que, mesmo sem conseguir recolocar-se no mercado de trabalho, essas pessoas estabelecem meios de sobreviver, mas com a redução dos ganhos, despesas de necessidade secundária precisam ser cortadas: é o que acontece com os planos de saúde. As pessoas precisam priorizar as necessidades básicas e o plano de saúde acaba ficando como um projeto futuro, para quando as coisas melhorarem. O problema é que essa melhora nem sempre vem depressa. Pequenos empreendedores demoram até anos para firmar seus ganhos e, com isso, o jeito é recorrer ao sistema público de saúde enquanto não é possível pagar por um novo plano.
Agora imagine o que acontece com o SUS diante deste quadro. O sistema público de saúde, que já estava sobrecarregado há algum tempo, sofre diretamente os impactos dessa mudança no mercado de trabalho. A sobrecarga torna-se ainda maior, ao receber pacientes que, até então, utilizavam planos de saúde e serviços particulares. A realidade é que a cada dia mais pessoas estão sendo atingidas pela necessidade de cortar despesas, dentre elas, os planos de saúde. E, como a saúde não espera e os problemas não avisam quando vêm, acabam tendo que recorrer ao SUS.
Quando se fala em enfermidades mais graves, essa transição pode se tornar um verdadeiro pesadelo, visto que não importa o quão doente você esteja ou qual o tratamento que necessite, todos são atingidos pela crise.